O EXEMPLO DE GALILEU E A PROFISSÃO DE PROFESSOR

10-04-2016 20:22

À Sarah.

Com a atriz Denise Fraga arrasando na interpretação do matemático italiano e com um ótimo elenco, a peça “Galileu Galilei”, direção de Cibele Forjaz, no Teatro Tuca, em São Paulo, é um sucesso de público e crítica. Fui assistir com a minha esposa influenciado por amigos, que, assistindo pela segunda, terceira vez, formam incisivos na recomendação.

O espetáculo foi sensacional e despertou em mim inúmeras provocações. Uma delas é a que pretendo explicitar aqui, qual seja: a reflexão sobre a profissão de professor. Um dos momentos épicos da peça é quando Galileu afirma peremptoriamente que não consegue se dedicar à ciência tendo que dar aulas particulares para pessoas que não estão nem aí para a matemática, mas sim para cavalos. Esse exemplo é crucial para entender o trabalho dos professores atualmente, ainda mais numa sociedade pouco alfabetizada como a brasileira.

No Brasil é histórico o professor do ensino básico público ser aquele profissional com uma jornada de trabalho exaustiva, com muitas aulas dadas durante a semana para se ter um salário digno no final do mês e pouco tempo para a correção das atividades propostas e, principalmente, com pouco tempo para estudos e pesquisas para a melhoria da qualidade das aulas. Em outras palavras, ao contrário do que afirmam muitos teóricos que lidam com a formação de professores, na qual o professor é um profissional do ensino, da aprendizagem e da pesquisa, como um processo único, o que vemos, na prática, é o professor “não-pesquisador”, dedicando-se exclusivamente às excessivas aulas. Por outro lado, os que conseguem, dentro da educação básica pública, pesquisar fazem por conta própria.

Recentemente foi aprovada pelo congresso nacional a “lei do piso salarial” para os professores de educação básica e a “redução da quantidade de aulas em sala de aula, mantendo-se a jornada docente”, para assim, os professores terem mais tempo para pesquisa, melhoria da qualidade das aulas e, principalmente, olharem mais atentamente para as dificuldades de aprendizagem dos seus alunos. Pois bem, fica a pergunta: Quais estados brasileiros aplicaram essa lei nacional?

Por fim, escrevi esse texto no espirito da peça “Galileu Galilei”, o da provocação. Espero despertar nas pessoas a indignação que o teatro desperta em mim e provocá-las para o raciocínio da cena social contemporânea através da Arte.

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