O POVO BRASILEIRO NA OBRA DE DARCY RIBEIRO – BRASIL SERTANEJO

20-10-2017 15:06

Seja bem-vindo tripulante à nave investigadora!

A aula desta semana abordará, tendo como base a obra de Darcy Ribeiro, o Brasil sertanejo. Retomando as últimas aulas, vimos o tratamento dispensado pelo autor ao tema do “processo de miscigenação” do povo brasileiro, na relação de “entrecruzamento” de matrizes étnicas-culturais completamente diferentes: “Matriz Tupi”, “Matriz Lusa” e “Matriz Afro”. Como também, o processo de “miscigenação sociocultural e histórico” propriamente dito, destacado na aula “Encontros e desencontros”. Além disso, abordou-se o processo de constituição de uma das cinco áreas culturais brasileiras: “Brasil crioulo”, tendo na cultura africana e no processo de mestiçagem decorrente a partir dele, o seu elemento central.

A área cultural do Brasil sertanejo refere-se geograficamente à região nordestina do país, mais especificamente do norte da Bahia ao sul do Ceará, passando por Paraíba e Pernambuco. Caracteriza-se por ser uma região com pouco água, solo árido, pouca vegetação e calor intenso, dificultando o cultivo de alimentos por parte da população. Segundo Darcy, o sertão nordestino é o “deserto brasileiro”; porém, é a parte do Brasil onde se vive o povo mais adaptado às intempéries da natureza, como nos ensina Euclides da Cunha, na sua obra “Os Sertões”. É uma região que, historicamente, foi marcada por muito sofrimento e violência. Os coronéis locais, aproveitando-se da dificuldade das “forças oficiais da lei” de chegar no sertão, tinham o poder de “vida e de morte”, sendo eles mesmos, com o poder das armas, os “donos da lei”. O “cangaço”, conhecido no Brasil todo, surge neste contexto. Eram homens que se rebelaram contra os “mandos e desmandos” dos coronéis utilizando o único meio possível naquela região, ou seja, com o poder das armas. Assim, os cangaceiros, tendo no grupo de Vírgulino Ferreira, o “Lampião”, a maior fama, eram mercenários contratados por determinados coronéis para matar os coronéis inimigos e seus jagunços (milícia organizada por cada coronel), exercendo, portanto, a “justiça” nas “bandas de lá”. Para comprovar a “morte encomendada”, mostrando que é um “cabra de palavra”, os cangaceiros tinham o hábito de cortar as cabeças dos mortos como prova e, também, como troféu de vitória e medo nos “inimigos de outras bandas”. O professor Antônio Risério, no audiovisual que acompanha esta aula, lembra de uma passagem no livro “Grande Sertão Veredas”, de  João Guimarães Rosa, no qual, ao referir-se à violência da região sertaneja, o autor afirma: “No sertão tem que ser forte com as astúcias. Deus mesmo quando vier, que venha armado, pois a bala é um ‘pedaçozinho’ de metal”.

Mesmo com toda esta dificuldade de sobrevivência, o sertanejo (mistura de brancos e índios mestiços) é um povo alegre, legando ao Brasil culturas riquíssimas, tais como: o Baião, o Forró, o Frevo Comidas Típicas, vestimentas, objetos, etc. Por fim, não tem como comentar sobre a cultura do povo sertanejo, sem ressaltar a religião popular. Darcy Ribeiro afirma que nesta região formou-se ao longo do tempo um “messianismo popular”. Para ele, basicamente a religião nordestina difere de outras regiões brasileiras, dentre outros motivos, por caracterizar-se pela mistura com lendas e folclores locais, como pela relação de intimidade com os santos, no caso do catolicismo, ao ponto de “pegar birra”, “virar o santo de ponta-cabeça” quando algo não sai conforme o pedido.

Viva o povo sertanejo!

Viva o povo brasileiro!

 

Para ler as aulas anteriores, clique no link abaixo:

professorkassiano.webnode.com.br/

 

INDICAÇÕES DE LEITURA

- CUCHE, Denys. A noção de cultura nas ciências sociais. Editora Edusc.

- CUNHA, Euclides. Os Sertões. Abril Cultural.

- RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro. Editora Companhia das letras.

- RIBEIRO, Darcy. O Brasil como problema. Editora Global.

- TOMAZI, Nelson D. Sociologia para o ensino médio. Editora Saraiva.

Voltar

Procurar no site

© 2010 Todos os direitos reservados.