O POVO BRASILEIRO NA OBRA DE DARCY RIBEIRO – MATRIZ AFRO

24-08-2017 15:12

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A aula dessa semana continua na abordagem, a partir do pensamento do antropólogo Darcy Ribeiro, das três matrizes ou troncos étnico-culturais constitutivos da formação sociocultural do povo brasileiro. Trata-se da Matriz africana. Pesquisas realizadas no século XX apontam que a África é o berço da humanidade, formada por uma multiplicidade de etnias. Assim, não se pode dizer, como usualmente se diz no senso comum, que existe uma única África e um único povo. Pelo contrário, existem várias “Áfricas”.

Ribeiro afirma que os primeiros africanos vieram para o Brasil por camadas étnicas (Nagôs, Bantus e Iorubás, basicamente). Cada etnia com uma forma de organização social e política diferente e, também, construção religiosa diferente. Os africanos dominavam técnicas de metalurgia, já haviam domesticados alguns animais e eram exímios agricultores. Esses conhecimentos foram importantíssimos no “novo mundo” e na nova vida que levariam, sendo explorados pelos portugueses. No que tange à mitologia, os negros concebiam a existência de inúmeros deuses, cada um deles responsável por um fragmento da natureza e/ou da vida cotidiana. Esses povos, segundo Darcy, tinham na religião uma relação “antropocêntrica”, pois, para eles, toda a atividade humana estava imbricada do “visível” e do “invisível”.

Por fim, um esclarecimento. Existe uma polêmica quando se estuda os povos africanos durante o período de colonização do Brasil, referente à escravidão. Se na África os “próprios negros escravizavam os próprios negros”, ou não. Importante esclarecer e delimitar as diferenças. Existia, sim, escravidão na África, como também existia escravidão na antiguidade clássica (Egito, Grécia e Roma), sobretudo dos povos conquistados pelos povos conquistadores nas variadas guerras. No entanto, a diferença desse tipo específico de escravidão para o tipo que houve no Brasil, feito por Portugal, é que na segunda já há uma relação de mercadoria. Ou seja, a escravidão dos negros perpetrada pelos portugueses encaixa-se no tipo de escravidão moderna, realizada a partir do século XVI, quando uma nação de um continente busca escravos em outro para explorá-los num terceiro continente, caracterizando, assim, um comércio mundial. Portanto, sendo um comércio a relação do colonizador português (Como também será feita por outros povos!) com o escravo africano era do “proprietário” com uma “mercadoria”, sendo permutável por outras mercadorias, exemplo: Terras e propriedade em geral.

Darcy Ribeiro destaca que a “moeda” de troca para as transações econômicas no interior da colônia portuguesa, era o escravo africano.

 

Ver abaixo a vídeo-aula do próprio Darcy:

www.youtube.com/watch?v=vwj1GBEYr_s

 

Para ler as aulas anteriores, clique no link abaixo:

professorkassiano.webnode.com.br/news/o-povo-brasileiro-na-obra-de-darcy-ribeiro-matriz-lusa/

 

INDICAÇÕES DE LEITURA

- CUCHE, Denys. A noção de cultura nas ciências sociais. Editora Edusc.

- RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro. Editora Companhia das letras.

- RIBEIRO, Darcy. O Brasil como problema. Editora Global.

- TOMAZI, Nelson D. Sociologia para o ensino médio. Editora Saraiva.

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