1º DE MAIO: HISTÓRIA, LUTAS E REFLEXÕES PARA A CLASSE TRABALHADORA

01-05-2017 13:55

O 1º de Maio, desde as manifestações dos trabalhadores industriais em Chicago, EUA, em 1886, é uma data de muita luta (Prefiro essa palavra a usar a palavra “festa”, vocabulário de centrais sindicais brasileiras), dos trabalhadores de vários lugares do mundo, basicamente na sua parte ocidental. Assim, esse texto tem uma finalidade didática. Qual? A de refletir sobre o que é o trabalho, a sua importância na construção da vida social e, principalmente, na construção humana do Homem e sua objetivação como sujeito social e histórico. Além de pontuar a “mudança de concepção” do trabalho na sociedade capitalista, responsável direta na luta por direitos trabalhistas que culminaram na presente data.

 

O QUE É O TRABALHO?

Trabalho, grosso modo, é toda relação do ser humano com a natureza transformando-a em produtos (mercadorias) necessários para a sobrevivência de uma comunidade/sociedade. É o Grande Ato Social! É o ato fundante e basilar de toda e qualquer sociedade. Não existe, nunca existiu e nunca existirá uma sociedade na qual o trabalho não seja a sua atividade constitutiva. Sem ele não há vida humana, portanto, o trabalho é algo essencialmente humano. Por quê? Porque o trabalho é um “ato teleológico”. É uma projeção exterior/concreta da mente humana. Em outras palavras, para um trabalho ser objetivado e realizado concretamente, na relação dialética entre Homem e natureza, ele existe, antes de qualquer coisa, na mente do trabalhador, como um “planejamento mental”. Seja o trabalho mais braçal e rudimentar que for (Sem desmerecimento e/ou discriminação!), a sua construção é a todo o momento uma “relação da mente humana com a natureza”, projetando uma atividade que foi idealizada previamente na cabeça do ser produtor, possibilitando, assim, transformações tecnológicas de rupturas e/ou aperfeiçoamento do trabalho historicamente. Isso é trabalho. Portanto, não é correto utilizar a palavras trabalho para a atividade que os “animais irracionais” fazem. A atividade desses seres é toda ela calcada no “instinto de sobrevivência”, não sofrendo alterações ao longo do tempo.

Em suma, o trabalho é uma atividade essencialmente humana. Elemento fundamental para sua construção como sujeito social e histórico e, também, para a construção da sociedade, o “mundo humano do Homem”, para utilizar uma frase do filósofo alemão Karl Marx (1818-1883), na obra organizada originalmente como rascunho e publicada postumamente. Refiro-me aqui aos “Manuscritos de Paris”, de 1844, mais conhecido como “Manuscritos econômico-filosóficos”.

 

DEFINIÇÃO HISTÓRICA

A palavra trabalho, originalmente, vem do latim tripalium e significa “tortura”. Um exemplo disso é que na antiguidade clássica o trabalho, sob essa denominação, era considerado uma atividade de “segunda categoria”, destinada aos escravos e estrangeiros. Outro exemplo, independente da sua Fé, dado o caráter histórico do documento, é que o “deus cristão”, após Eva provar a “maçã proibida”, contrariando, assim, uma “ordem divina”, o que faz? Dá a sentença ao Adão e à Eva: “Vocês viverão do suor dos seus rostos”. Ora, “deus condenou o Homem ao Trabalho”. Eis um exemplo da concepção antiga sobre o trabalho.

Outra definição é a dos antigos gregos  que distinguiam o “trabalho” em três modalidades:

- Labor: Atividade destinada à subsistência propriamente dita. Ex: Agricultura;

- Trabalho: Atividade que envolvia “fabricação”, transformação de matéria-prima bruta em um objeto (As palavras “produto” e “mercadoria” devem ser evitadas, pois entre os gregos não havia o significado que damos a elas hoje, próprias da sociedade capitalista, envolvendo “valor-de-uso” e “valor-de-troca”). Ex: Ferreiro, Marceneiro, etc;

- Ação: Atividade que tem na palavra a sua principal ferramenta. Ex: Política.

 

CONCEPÇÃO MODERNA

A concepção moderna de trabalho na sociedade capitalista, a partir do século XVIII, não enfatiza o “trabalho como tortura”. Ao contrário, para fazer com que os trabalhadores trabalhassem sem reclamar e sem descansar, vendo nele uma virtude, renegando, assim, o vício da preguiça, uma força-tarefa ideológica foi escalada para ajudar o novo modelo econômico e social. Qual ajuda? Na Inglaterra, primeiro país a realizar a revolução industrial, a Igreja cristã começou a valorizar o trabalho como “uma atividade nobre, importante para a dignidade humana”. O trabalho “enobrece o Homem”. Valorizando-o como virtude e “demonizando” a preguiça como um “vício a ser expurgado”. A Escola começou a ser estruturada nos moldes como conhecemos hoje, um professor para vários alunos dentro de um espaço e separados por fileiras. Organização essa própria das fábricas, ensinando, desde as posturas de comportamento até nos conteúdos didáticos, normas e padrões desejados pelo mercado de trabalho. Por fim, a polícia, como o “braço militar do Estado”, estava autorizada a prender aqueles que se negavam a trabalhar.

 

CONSIDERAÇÕES

É nesse contexto, a partir da mudança de concepção sobre o trabalho, contra as condições insalubres das fábricas modernas, por salários melhores, que os trabalhadores se rebelaram e lutaram por seus direitos e contra a sociedade capitalista. Foi assim, a partir de protestos em Chicago, nos EUA, que surgiu o 1º de Maio como um dia internacional de luta dos trabalhadores.

Se temos os parcos direitos trabalhistas garantidos na letra da lei, deve-se à luta sindical, às greves e aos revolucionários. Pois, conforme citado acima, é graças ao poder de luta combativa dos movimentos sindicais, partidos políticos e dos “hereges” anarquistas, comunistas e socialistas...

 

SUGESTÕES DE LEITURA

Diante da complexidade do assunto, não foram aprofundadas as transformações do trabalho na sociedade capitalista, no que tange a sua organização, divisão, produção e remuneração da mão-de-obra produtora. Temas a serem desenvolvidos nos próximos textos desse blog. Ver mais em: professorkassiano.webnode.com.br/news/forum-economico-mundial-e-a-quarta-revolucao-industrial/

Todavia, segue abaixo algumas indicações de estudos que nortearam o autor.

 

- LAFARGUE, P. O direito à preguiça. Editora Claridade;

- MARX, K. Manuscritos econômico-filosóficos. Boitempo editorial;

- MARX, K. O Capital. Boitempo editorial;

- TOMAZI, Nelson D. Sociologia para o ensino médio. Editora Saraiva.

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