EIKE BATISTA – O RETRATO DO CAPITALISMO BRASILEIRO

30-01-2017 17:39

Nesta segunda-feira (30/1/2017), foi preso na cidade do Rio de Janeiro o empresário Eike Batista. Eike estava foragido da polícia e chegou a entrar na lista da Interpol de foragidos da justiça. O que isso representa? Numa primeira visão esse fato pode representar a seriedade da “Operação lava jato”, já que ele foi preso pela polícia federal por intermédio de um desdobramento dessa operação; que, depois de tantos anos, o “país está sendo passado a limpo”; que o “Brasil está sendo moralizado”, etc, etc, etc... Essa é uma percepção superficial do assunto e tendenciosa, pois justifica os “justiceiros de plantão” de todas as esferas da vida social brasileira, mas desconsidera o contexto socioeconômico que o gerou. No entanto, se olharmos com atenção e profundidade procurando os elos (causas e feitos) desse episódio, teremos uma compreensão mais ampla e não precária e obscurecida como a primeira visão. É a esse objetivo que esse texto se propõe.

Há uns anos atrás Eike Batista era tido como o “empresário sinônimo de sucesso”, de acordo com setores da mídia tradicional colonial. Segundo a Revista Forbes, chegou a ser considerado o sétimo homem mais rico e influente do mundo. Aqui, em terras tupiniquins, Eike dava entrevistas com a “receita da riqueza”, inspirando pessoas de todas as classes sociais a “obter sucesso”. Em suma, estar com ele significava que os holofotes brilhariam para você.

Porém, é como o ditado popular: “nem tudo que reluz é ouro”. Qual era a raiz dessa riqueza? Eike conquistou “rios de dinheiro” num nicho muito peculiar e comum da economia brasileira: Contratos com o Estado (Nível estadual, federal e municipal). Até aí, nada estranho, mesmo porque vários empresários fazem isso. Mas o que caracteriza, especificamente, o caso de Eike Batista? Boa parte da sua riqueza em tão pouco tempo tinha origem em informações que o seu pai obteve dentro do Estado, quando trabalhou durante a ditadura militar. Essas informações eram sobre o petróleo ainda por ser explorado na costa do Rio de Janeiro e São Paulo (Pré-sal). Primeiro, já cai o mito do “empreendedor” eficiente e autônomo. Segundo, se não bastasse as “informações privilegiadas”, vem a corrupção. Eike foi preso acusado de pagamento de propinas a políticos durante o governo carioca de Sérgio Cabral. Terceiro e não menos importante, o ex-bilionário obteve sua riqueza mediante “capital especulativo” não-produtivo. O que é isso? É riqueza que tem origem em transações (Compra e venda de ações) do mercado financeiro, sem lastro, necessariamente, na produção (Capital produtivo). No caso de Eike, como de outros empresários e governos, houve o faturamento em cima dos rendimentos futuros do “pré-sal”, uma “mina de ouro” que, com o tempo e a queda do preço internacional do petróleo, mostrou-se um fiasco, um risco que não justificava o alto investimento. Esse fiasco teve como consequências diretas a desvalorização das ações de Eike Batista (Daí a ascensão e queda repentinas de sua “fortuna”) e, o que é pior, a falência do Estado do Rio de janeiro e os efeitos disso para os cidadãos cariocas e servidores que amarguram seus salários atrasados.

Eike Batista é o retrato do capitalismo brasileiro, do empresário que não empreende autonomamente, mas sim sob a tutela, financiamento e barganha do Estado. Empresas que sobrevivem nas “tetas do Estado”, seja por intermédio de informações, facilitações, etc.

 

Ver mais:

professorkassiano.webnode.com.br/news/pec-241-2016-ou-o-desconhecimento-do-desenvolvimento-da-economia-brasileira/

blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2017/01/27/eike-batista-e-o-brasil-que-goza-com-a-riqueza-dos-outros/

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