O POVO BRASILEIRO NA OBRA DE DARCY RIBEIRO – BRASIL CAIPIRA
16-11-2017 14:48Seja bem-vindo tripulante à nave investigadora!
A aula desta semana abordará, tendo como base a obra de Darcy Ribeiro, o Brasil caipira. Essa área cultural, segundo o autor, possui algumas peculiaridades, sendo uma das que mais se transformaram ao longo do tempo. Era conhecida como a “Paulistânea”, a “Paulistânea caipira”. O que era isso?
A “Paulistânea caipira” era a área cultural que tinha como “ethos social” a vida rural. Ela constitui, sobretudo, os estados de São Paulo e de Minas Gerais. Paraná e Goiás, nas palavras do sociólogo e crítico literário Antonio Candido, podem ser considerados como áreas afins. Surgiu a partir da vontade da coroa portuguesa de expandir o seu território, diante do Tratado de Tordesilhas, em 1494. (Esse acordo foi realizado pela Igreja Católica e tinha como objetivo separar as terras descobertas e a descobrir entre Portugal e Espanha fora do continente europeu, os dois Estados pioneiros na expansão marítima entre os séculos XV e XVI) Os “bandeirantes”, saídos em grande parte de São Paulo, foram os responsáveis pela empreitada de conquistar novos territórios para a coroa, fazendo “o que tivesse de ser feito” e “matando povos nativos resistentes”. Esses “bandeirantes”, com o tempo, se sedentarizavam e iam ficando pelo caminho, pois, em muitos casos, não havia condições para a volta. Construíram, aos poucos, a sua pequena roça de milho, cana-de-açúcar, criação de galinhas e gado; ao ponto de tornarem-se, com o decorrer dos anos, pequenos proprietários agrícolas.
Não há a menor possibilidade de comentar sobre a cultura caipira, sem destacar o “Mundo de Minas Gerais”, como nos adverte Darcy Ribeiro, pois contribuiu fortemente para a consolidação e permanência da cultura caipira. Esse estado foi, durante o período colonial, caracterizado pela descoberta do Ouro e de toda a riqueza advinda dele. Porém, importante apontar, também, que Minas Gerais com a sua criação de gado, produção de leite e dos produtos derivados do leite, juntamente com a cachaça de cana-de-açúcar, foi fundamental para a formação do “mundo rural brasileiro”, até os dias atuais. Para isso, faço o convite: Visitem Minas Gerais!
Por fim, o componente étnico do Brasil caipira. Essa área cultural possui forte influência dos povos indígenas e negros em sua maioria, em contrapartida de poucos imigrantes europeus. Em São Paulo o que predominou e predomina até os dias de hoje é a cultura indígena. Paulistas e paulistanos são descendentes (Herdeiros culturais!) dos povos indígenas, mais especificamente, dos povos Tupi-guarani; conforme os estudos do historiador Casé Angatu Xukuru Tupinambá, no livro Nem Tudo Era Italiano – São Paulo e Pobreza na Virada do Século XIX-XX, no qual nos provoca à reflexão sobre o tema as contradições da miscigenação étnica-cultural desse estado. Em Minas Gerais, pelo contrário, é a cultura negra o caldo cultural, por excelência, formador desse estado.
Viva o povo caipira!
Viva o povo brasileiro!
Para ler as aulas anteriores, clique no link abaixo:
professorkassiano.webnode.com.br/
INDICAÇÕES DE LEITURA
- CANDIDO, Antonio. Os parceiros do Rio Bonito. Editora 34.
- CUCHE, Denys. A noção de cultura nas ciências sociais. Editora Edusc.
- RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro. Editora Companhia das letras.
- RIBEIRO, Darcy. O Brasil como problema. Editora Global.
- TOMAZI, Nelson D. Sociologia para o ensino médio. Editora Saraiva.
- TUPINAMBÁ, Casé A. Xukuru. Nem tudo era italiano – São Paulo e pobreza na virada do século XIX-XX. Editora Annablume.
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