O POVO BRASILEIRO NA OBRA DE DARCY RIBEIRO – BRASIL SULINO
16-09-2018 23:56Seja bem-vindo tripulante à nave investigadora!
A aula desta semana abordará, tendo como base a obra de Darcy Ribeiro, o Brasil sulino. Essa área cultural, segundo o autor, é uma das mais características e uma das que mais se desenvolveram em relação às áreas: Crioula, Sertaneja e Caipira. É o povo do sul. São os gaúchos.
A região apontada como sendo o “Brasil sulino” compreende o atual Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, tendo os dois últimos estados uma preponderância na caracterização do “ser sulino”, do “ser gaúcho”. Desde o período colonial, o sul do país foi a região mais difícil para Portugal colonizar, devido a inúmeros fatores, tais como: o povoamento de indígenas, depois espanhóis e holandeses. Ou seja, demarcar a fronteira – objetivo perseguido e conseguido por Portugal – era extremamente importante dentro do projeto colonial do Estado português. E a fronteira do sul foi a mais problemática, pois a américa portuguesa terminava na cidade de Laguna, no atual estado de Santa Catarina. Era preciso expandir com pessoas e armamentos e fundar Porto Alegre.
Para Darcy Ribeiro, diante de guerras entre Portugal e Espanha pelo território e a dificuldade de demarcação da fronteira, foi surgindo um povo que não era nem português e nem espanhol. Um povo com uma cultura própria e orgulhoso de si mesmo. Surgiram os gaúchos. Esses gaúchos, mais tarde, vieram a formar o estado do Rio Grande do Sul, que muitos nesta região, ainda, identificam como a República rio grandense.
Sobre o componente étnico do “Brasil sulino”: os Gaúchos. Segundo Ribeiro, a “gauchada” se define, portanto, como um “povo do gado”, orgulhoso da “cultura do gado”, um gado robusto, diferente da magreza do gado nordestino. Uma identidade ligada ao campo, dando origem ao “gaúcho campeiro”, ao “gaúcho cavaleiro”, como ficou conhecido na trilogia de Érico Veríssimo, chamada: “O tempo e o vento”. O gaúcho originariamente é uma mistura de indígenas, espanhóis, negros e portugueses. Séculos mais tarde, para esta região vieram imigrantes europeus (poloneses, alemães e italianos), dando o contorno europeu ao povo do sul.
Por fim, essa acusação que nós, brasileiros, muitas vezes fazemos aos habitantes do sul do país de serem separatistas. Como tentei demonstrar acima e podendo ser mais conhecido no vídeo abaixo, Darcy Ribeiro justifica que esse “separatismo” que há na região sul advém da sua própria formação sociocultural e histórica, tendo que lutar pelo seu território e demarcação da fronteira. Disso surgiu uma união entre eles, uma identidade enquanto povo e nação como nunca houve no Brasil. Basta ver o que foi a Guerra dos farrapos (Revolução farroupilha), com duração de dez anos (1835-1845), causando enormes problemas ao recente país tornado independente mediante um “acordo pelo alto”, em 1822. Essa guerra está envolta no imaginário gaúcho, comemorada anualmente no mês de setembro, quando do início da guerra, com festas, desfiles e homenagens aos heróis sulistas que lutaram incansavelmente pelo seu território.
Viva o povo gaúcho!
Viva o povo brasileiro!
Para ler as aulas anteriores, clique no link abaixo:
professorkassiano.webnode.com.br/
INDICAÇÕES DE LEITURA
- CUCHE, Denys. A noção de cultura nas ciências sociais. Editora Edusc.
- RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro. Editora Companhia das letras.
- RIBEIRO, Darcy. O Brasil como problema. Editora Global.
- TOMAZI, Nelson D. Sociologia para o ensino médio. Editora Saraiva.
- VERÍSSIMO, Érico. O tempo e o vento. Editora Companhia das letras.
———
Voltar